terça-feira, 22 de julho de 2008

Exames de Rotina para Diagnosticar o Diabetes

O exame mais comum para medir o nível de glicose no sangue chama-se Glicemia de Jejum. É um teste feito através do sangue venoso. O resultado é considerado normal quando a taxa de glicose varia de 70 até 110 mg/dl. Se o resultado ficar em torno de 110 a 125 mg/dl, o indivíduo é portador de glicemia em jejum inapropriada. Assim, torna-se necessário à realização do exame conhecido como “Teste Oral de Tolerância à Glicose”.

Ocorrendo um resultado igual ou acima de 126 mg/dl, em pelo menos dois exames consecutivos, fica então confirmado o diagnostico de Diabetes Mellitus. Já com uma glicemia superior a 140 mg/dl, mesmo sendo recolhida a qualquer hora do dia, já se confirma o diagnostico do diabetes.

* Valores utilizados em 2002, leia também os novos valores normais de glicemia.

Teste Oral de Tolerância à Glicose

Em laboratório médico, a pessoa com suspeitas de diabetes ingere 75g de glicose diluída em água. Após duas horas de espera, é feita a coleta de sangue para medir a taxa de glicose. No caso do resultado apresentar uma glicemia igual ou superior a 200 mg/dl, considera-se o indivíduo como portador de diabetes. Se a glicemia estiver entre 140 e 199mg/dl, então o diagnostico é de intolerância glicídica (pré-diabetes).

Teste Oral para Gestantes

É importante que todas as mulheres grávidas acima de 25 anos, não obesas e sem histórico de diabetes na família, sejam testadas. Deve-se realiza-lo entre a 24ª e a 28ª semanas de gestação. Primeiramente, o teste consiste na ingestão oral de uma dose de 50g de glicose. O sangue será colhido nos tempos basal e 60’ (minutos). Os resultados normais são até 80mg/dl e 140mg/dl, respectivamente.

Resultados superiores a esses valores descritos acima, determinam a realização de novo teste com a ingestão de 75g de glicose, e avaliação da glicemia nos mesmos tempos. Considera-se com Diabetes, as mulheres que apresentem glicemia maior que 126mg/dl, no tempo basal, ou igual ou maior que 200mg/dl.


Preparo Especial para o Exame de Glicemia de Jejum

Para se submeter ao teste, é preciso permanecer em estado de jejum por pelo menos 8h. O que não acontece com o teste aleatório. No entanto, para se preparar à curva glicêmica, outros cuidados serão necessários. Manter uma dieta habitual sem restrição de carboidratos (massas, açúcar, doces), nos três dias antecedentes ao exame. É necessário também manter as seguintes atividades.

  • Realizar o exame em período matutino, em estado de jejum entre 8h e 12 horas;
  • Interromper qualquer medicação que possa interferir no metabolismo de carboidratos;
  • Manter repouso e jamais fumar durante o teste.

Valores de glicemia para o diagnóstico de diabetes

Aqui você fica informado sobre quais são os critérios diagnósticos da Associação Americana de Diabetes e endossados pela SBD.

Normal: glicemia de jejum entre 70 mg/dl e 99mg/dl e inferior a 140mg/dl 2 horas após sobrecarga de glicose.

Intolerância à glicose: glicemia de jejum entre 100 a 125mg/dl.

Diabetes: 2 amostras colhidas em dias diferentes com resultado igual ou acima de 126mg/dl. ou quando a glicemia aleatória (feita a qualquer hora) estiver igual ou acima de 200mg/dl na presença de sintomas.

Teste de tolerância à glicose aos 120 minutos igual ou acima de 200mg/dl.

Exames para Detectar Complicações Crônicas

Retinopatia Diabética

No caso do diabetes tipo 1, após cinco anos do diagnostico é recomendável a realização de um exame oftalmológico anual. O foco principal deverá ser a oftalmoscopia com dilatação pupilar. Após a primeira realização, este exame poderá ser feito anualmente.

Já no caso do diabetes tipo 2, como não se sabe por quanto tempo a pessoa é portadora da doença, é recomendável que o exame seja realizado assim que o quadro seja diagnosticado.

É interessante que o exame fique fotografado para auxiliar a avaliação posterior e o plano de tratamento por meio da Retinografia (fotografia do fundo do olho). No caso de aparecerem sintomas de Retinopatia, tal análise deverá ser complementada com a Angiografia, que é o registro da imagem da circulação da retina.

Nefropatia Diabética

Esta complicação acontece quando se detecta albumina na urina, assim como alterações da taxa de filtração glomerular. Esta constatação é feita através da Microalbuminúria e do Clearence de creatinina É importante que este exame seja realizado anualmente nas pessoas com diabetes. (há pelo menos 5 anos após o diagnóstico do Tipo 1 e, imediatamente, com a constatação do Tipo 2).

É comum surgir algum resultado alterado. Isso ocorre porque várias situações podem gerar resultados positivos. São elas: infecção urinária, exercícios físicos, diabetes e hipertensão mal controlados. Por isso é muito importante a confirmação em outras amostras. Esses exames são realizados em urina de 24h.

Neuropatia Diabética

É comum que as pessoas com diabetes não apresentem sintomas de neuropatia, tornando-se necessário uma atenção especial nestes casos. Estatísticas apontam que cerca de 60% dos portadores de diabetes desenvolvem neuropatia. Deste universo, apenas 20% são sintomáticos.

Exames clínicos (como avaliação dos pés, testes de sensibilidade), com monofilamento dos reflexos tendinosos, podem identificar a presença de neuropatia em muitas pessoas. Mas também é possível avaliar a função dos nervos através da chamada eletroneuromiografia. Esse exame é composto de duas etapas: o estudo de condução nervosa (ou eletroneurografia) e a eletromiografia.

Na parte inicial do exame são aplicados pequeninos choques nos nervos, produzindo respostas que são registradas. Na parte final, utiliza-se uma agulha fina, para registrar a atividade elétrica dos músculos.

O estudo de condução nervosa é suficiente para diagnosticar as formas mais comuns de neuropatia diabética (como a polineuropatia distal e a síndrome do túnel do carpo), não sendo necessária a realização do exame com agulhas. É recomendável que a avaliação da neuropatia diabética seja feita anualmente em todos os pacientes com diabetes, a partir do 5º ano da doença ou em casos onde já existam sintomas antes dessa época.

Complicações Cardiovasculares

Para todas as pessoas com diabetes, é importante uma avaliação anual sobre o risco de doenças cardio-vasculares. Além do exame clínico com o médico, é recomendável a realização dos exames de rotina relacionados com os fatores de risco, assim como:

  • Avaliação do diabetes;
  • Colesterol total, HDL, e LDL;
  • Triglicérides;
  • Pressão arterial.

Quando indicado, a realização de testes para a detecção de isquemia miocárdica. Alguns testes são indicados para essa avaliação observando-se as características de cada paciente:

  • Ecocardiograma;
  • Teste ergométrico (o chamado teste de esforço ou esteira);
  • Teste ergométrico com cintilografia miocárdica (MIBI).

Em situações especiais, para pacientes impossibilitados de realizar atividades físicas outros exames podem ser necessários para a detecção de isquemia miocárdica:

  • Cintilografia miocárdica com stress farmacológico (Dipiridamol + MIBI);
  • Ecocardiograma com stress farmacológico (ECO + Dobutamina/ECO + Atropina).

Esses exames auxiliam na obtenção do diagnóstico precoce da insuficiência coronária. O que pode resultar na prevenção de eventos cardíacos maiores. Os pacientes com baixo risco (jovens, com diagnóstico recente de diabetes, sem outros fatores de risco) podem ter uma avaliação mais simples (eletrocardiograma de repouso).

Detecção de Acidentes Vasculares Cerebrais ou Obstrução das Artérias das Pernas

É fundamental a realização de exame clínico, onde o profissional detecta a redução da pulsação das artérias e sente a temperatura local. Os sintomas que são sugestivos para a ocorrência destes problemas são: dores nas pernas após atividade física (como caminhada), extremidades dos pés frias, etc.

Um tipo especial de ultra-sonografia chamada Doppler pode avaliar o leito arterial. O exame é indolor, e possibilita a visualização das artérias, além da detecção da presença

de placas de ateroma em suas paredes. O que torna possível avaliar o grau de estreitamento do calibre vascular.

Exames:

  • Ultrasonografia, com doppler, Carótidas e vertebrais
  • Ultrasonografia, com doppler arterial dos Membros inferiores.

Hemoglobina Glicada e Frutosamina

O exame de Hemoglobina Glicada possui enorme importância na avaliação do controle do diabetes. É capaz de resumir para o especialista e para o paciente em tratamento se o controle glicêmico foi eficaz, ou não, num período anterior de 60 a 90 dias.

Isso ocorre porque durante os últimos 90 dias a hemoglobina vai incorporando glicose, em função da concentração que existe no sangue. Caso as taxas de glicose apresentem níveis elevados no período, haverá um aumento da hemoglobina glicada.

Sempre é necessário individualizar o valor de A1C (hemoglobina glicada), levando em conta vários dados clínicos como idade, presença de outras doenças e/ou risco de eventos freqüentes de hipoglicemias.

Estudos clínicos, realizados em grandes centros foram capazes de demonstrar que a manutenção de A1C em valores o mais próximo possível do normal foi acompanhada de redução significativa do surgimento e da progressão das complicações micro e macro-vasculares. Isso ocorreu tanto em pessoas com diabetes do tipo 1 (DCCT), quanto do tipo 2 (UKPDS).

Para consensos nacionais e internacionais, o valor de A1C mantido abaixo de 7% promove proteção contra o surgimento e a progressão das complicações microvasculares do diabetes (retinopatia , nefropatia e neuropatia).

As pessoas que já apresentam complicações em estágios avançados (insuficiência renal terminal, doença vascular difusa) ou que são portadores de outras condições clínicas que reduzem a qualidade de vida podem ter como meta de tratamento valores de A1C um pouco mais elevados.

Outros exames como “dosagens da taxa de glicemia” (no laboratório) e “glicemia capilar (ponta de dedo)” apresentam parâmetros que podem sofrer oscilações importantes por influência de diversos fatores, tais como: alimentação, exercícios, medicação etc. Mas, é claro, não deixam de ser importantes e devem continuar a fazer parte do acompanhamento das pessoas com diabetes.Vale ressaltar o papel da glicemia capilar para os pacientes insulino-dependentes, permitindo o ajuste das doses de insulina naquele determinado momento.

Frutosamina

Este exame é capaz de apresentar o controle glicêmico das últimas 4 a 6 semanas. Pode ser útil para a avaliação de alterações do controle de diabetes em intervalos menores, para julgar a eficácia de mudança terapêutica, assim como no acompanhamento de gestantes com diabetes.

A dosagem da Frutosamina também pode ser indicada quando, por razões técnicas, a A1C não é considerada como um bom parâmetro de seguimento (hemoglobinopatias e na presença de anemia).

Exame de tolerância à glicose

Nomes alternativos:

GTT, OGTT, teste oral de tolerância à glicose

Como é realizado o exame:

No GTT, determina-se a capacidade do paciente de tolerar uma carga oral de glicose; esse procedimento é realizado por meio da avaliação das amostras de soro e de urina. As amostras de sangue são retiradas antes da ingestão da glicose; esta é administrada via oral, e a avaliação dos níveis no sangue (e freqüentemente na urina) é repetida após 30 minutos, 1, 2 e 3 horas após a ingestão.

Crianças ou adultos:
Colete uma amostra de urina obtida por meio de "coleta limpa" ("jato médio"). Para obter uma amostra de urina por meio de coleta limpa, homens ou meninos devem limpar bem a cabeça do
pênis. As mulheres e as meninas devem lavar a área entre os lábios da vagina com água e bastante sabonete e enxaguar bem. Ao começar a urinar, deixe cair uma pequena quantidade no vaso sanitário (isso elimina contaminantes existentes na uretra). A seguir, em um recipiente limpo, recolha cerca de 30 a 60 ml de urina e afaste-o do fluxo da urina. Entregue o recipiente ao médico ou assistente.

Bebês:
Lave completamente a área ao redor da uretra. Abra uma bolsa coletora de urina (uma bolsa plástica com uma fita adesiva em uma das extremidades) e coloque-a no bebê. No caso de meninos, recomenda-se colocar o pênis por inteiro dentro da bolsa, fixando a fita adesiva na pele. Para meninas, a bolsa é colocada sobre os grandes lábios. Coloque uma fralda sobre o bebê (incluindo a bolsa). Verifique o bebê com freqüência e retire a bolsa depois que o bebê tiver urinado dentro dela. Para bebês ativos, este procedimento pode precisar de algumas tentativas -- bebês mais cheios de energia podem deslocar a bolsa, dificultando a obtenção da amostra. A urina é drenada para um recipiente para que seja transportada até o médico.

Adultos ou crianças:
O sangue é colhido de uma veia (
punção venosa), geralmente da prega do cotovelo ou dorso da mão. O local da punção é limpo com um anti-séptico e um torniquete (tira elástica), ou um aparelho utilizado para medir a pressão sangüínea, é colocado ao redor do braço para comprimi-lo e restringir o fluxo de sangue através da veia. Isto faz com que a porção da veia abaixo do torniquete se distenda (se encha de sangue). Uma agulha é introduzida na veia e o sangue é coletado em um tubo vedado ou seringa. Durante o procedimento, o torniquete é removido para restaurar a circulação. Quando o sangue tiver sido coletado, a agulha é removida e o local da punção coberto para evitar qualquer sangramento.


Bebês ou crianças pequenas:
A área é limpa com um anti-séptico e puncionada com uma agulha ou uma lanceta. O sangue pode ser coletado em uma pipeta (pequeno tubo de vidro), em uma lâmina, em um fita para exame ou em um pequeno recipiente. Pode-se aplicar algodão ou um curativo no local da punção se houver sangramento contínuo.

Como se preparar para o exame:

Faça um jejum de 12 horas e não coma durante o teste. Consulte o médico se você estiver usando um medicamento que possa interferir nos resultados do teste (veja considerações especiais).

Se a coleta for tomada de um bebê, pode ser necessário um maior número de bolsas.

Bebês e crianças
A preparação física e psicológica para este ou qualquer outro exame depende da idade da criança, seus interesses, experiência anterior e nível de confiança. Para obter informações específicas sobre como preparar a criança, consulte os tópicos abaixo, obedecendo aos critérios de idade correspondentes:

O que se sente durante o exame:

O exame envolve apenas a micção normal e não há desconforto.

Quando a agulha é inserida para a retirar o sangue,
enquanto algumas pessoas sentem uma dor moderada, outras sentem apenas uma de picada. Pode-se sentir um pouco de palpitação após o procedimento.

Motivos pelos quais o exame é realizado:

Este exame normalmente indicado quando existir suspeita de diabetes melito; também pode ser realizado para confirmar hipoglicemia sem diabetes melito (intolerância aos carboidratos).

Quais são os riscos :

As pessoas que têm diabetes ou hipoglicemia normalmente não realizam esse tipo de teste. Se as pessoas com estas condições tiverem uma reação durante o teste, pode-se administrar um medicamento.

Os riscos derivados de
punção venosa são:

  • sangramento excessivo
  • desmaio ou tontura
  • hematoma (acúmulo de sangue sob a pele)
  • infecção (pequeno risco que se corre cada vez que a pele é rompida)
  • múltiplas punções para localizar as veias

Considerações especiais:

Fatores que interferem:

As drogas que podem causar intolerância à glicose incluem drogas anti-hipertensivas, antiinflamatórias (AINEs), beta-bloqueadores orais, furosemida (veja furosemida oral), nicotina, contraceptivos orais (pílulas anticoncepcionais), drogas psiquiátricas, corticosteróides e diuréticos tiazídicos.

Alguns pacientes são incapazes de tolerar uma carga de 100g de glicose (em razão de
gastrectomia anterior, síndrome do intestino curto ou má absorção). Nesses casos, pode ser realizado um teste de tolerância à glicose (GTT), com valores normais ligeiramente diferentes.

As veias e as artérias variam em tamanho de um paciente para outro e de um lado do corpo ao outro. A obtenção da amostra de sangue em algumas pessoas pode ser mais difícil do que em outras.

Valores normais:

Sangue:

  • em jejum:70 a 115 mg/dl
  • 30 min: menos de 200
  • 1 hora: menos de 200
  • 2 horas: menos de 140
  • 3 horas: 70 a 115
  • 4 horas: 70 a 115

Urina:

  • negativa (não se apresenta glicose)

Obs.: mg/dl = miligramas por decilitro

O que significam os resultados anormais:

Os valores de glicose superiores aos níveis normais podem indicar:

Os resultados anormais podem indicar também:

  • hipoglicemia

Este exame também pode ser realizado na presença de outras condições, como:

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